Sou do tempo em que só havia dois canais de televisão: RTP 1 e 2. O primeiro e o segundo canais. Não tínhamos parabólicas, muito menos cabo, as cassetes de vídeo não estavam ainda disseminadas, o DVD estava longe, e as atuais formas de digital ainda nem sequer eram sonhadas. O que víamos? Íamos ao cinema, ou assistíamos ao que os programadores decidiam apresentar.
Mas voltando às noites cinéfilas, teria de escolher entre um filme de lobisomens da Hammer, em magnífico Technicolor, que passaria no sábado, ou uma coisa a preto e branco, aquilo a que hoje talvez haja quem chamasse de “filme de autor”, uma geekisse que não interessaria a um petiz de 11/12 anos, que passaria na noite de sexta-feira. Optei por sexta. Ora a dita obra cinematográfica intitulava-se Night of the Living Dead/A Noite dosMortos Vivos, a obra-prima de George A. Romero.
Todos os zombies que vemos hoje em dia descendem dos comedores de entranhas de finais da década de 60. O filme marcou-me. Acho que posso dizer que foi a única coisa que me deixou traumatizado desde pequeno. Não, não me tornei psicopata, degenerado, nem outra coisa do género. Modéstia à parte, acho que cresci para me tornar um rapaz simpático e cordial. Mas fiquei apaixonado (passe a expressão) por zombies. E por terror. E por tudo o que saia fora da norma a nível artístico (BD, cinema, literatura, etc.). Daí este título. A Vida é uma dádiva. O Amor é um privilégio. Os Zombies… esses são uma escolha. Ou talvez não.
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